
Por Fabiano Mazzei
Tempo de leitura: 10 minutos
Miami ou Lisboa? Orlando ou Cascais? Por muito tempo, os brasileiros interessados em adquirir imóveis no Exterior se restringiam aos Estados Unidos ou Portugal na hora de escolher o destino do investimento. Nos últimos anos, contudo, as opções aumentaram e, hoje, há muitos negócios sendo realizados em países como Paraguai, Uruguai, Itália e até nos Emirados Árabes.
Seja para renda, segunda residência ou como novo domicílio da família, o interesse dos brasileiros no mercado imobiliário internacional segue aquecido. No “housing market” norte-americano, o Brasil pertence ao segundo maior grupo comprador estrangeiro: os latino-americanos, com 28% das transações em entre abril de 2024 e março deste ano, segundo relatório da National Association of Realtors (NAR).
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Waldorf Astoria Miami será o mais alto da Flórida
(Duek Lara/Divulgação)
Quem lidera o mercado de clientes estrangeiros nos Estados Unidos são os asiáticos (38%). Canadenses (14%) e europeus (11%) completam o ranking. No período, 78,1 mil não americanos adquiriram imóveis no país, movimentando a US$ 56 bilhões. A Flórida segue como destino imobiliário preferido dos brasileiros. E o momento é favorável: mais de 150 projetos estão em desenvolvimento no litoral sul do estado e devem incrementar a oferta nos próximos dois anos.
“Essa nova safra trará uma diversidade maior de produtos: dos famosos condomínios assinados por marcas de luxo a empreendimentos de altíssimo padrão mais discretos. Teremos opções interessantes para renda também”, afirma Andre Duek, CEO da agência Duek Lara Group by ONE Sotheby’s Realty. Residente e empreendedor imobiliário no país desde 2012, Duek destaca o projeto The Residences at 1428 Brickell como um dos sucessos de vendas da temporada. A torre de 70 andares tem fachada com arquitetura fluida e 189 apartamentos com vista para Biscayne Bay.
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O St. Regis é um dos projetos mais cobiçados por compradores estrangeiros no sul da Flórida
(Duek Lara/Divulgação)
“É um prédio que vai na contramão dos ‘branded condos’, que são a marca registrada de Miami”, diz Duek. Segundo ele, as unidades ainda disponíveis no 1428 Brickell têm preços a partir de US$ 3 milhões.
Os prédios assinados seguem em alta. “O empreendimento 888 Brickell Miami, em parceria com a maison italiana Dolce & Gabbana, é um dos mais desejados pelos clientes brasileiros. Já o Waldorf Astoria Residences Miami, o maior edifício da cidade, com 100 pavimentos, já está praticamente todo vendido”, avalia Duek. De uma maneira geral, o valor das casas vendidas em Miami no segundo trimestre de 2025 registrou queda de -3% na comparação com o mesmo período do ano passado. O preço médio negociado ficou em US$ 1,7 milhão. Já na categoria de apartamentos, a cifra foi um pouco maior: US$ 1,8 milhão, um aumento de +6%. Os dados compõem o relatório “Trends – Real Estate Insights Along Florida’s East Coast – Q2 2025”, da One Sotheby’s.
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A vista luxuosa do spa do empreendimento 888 Brickell Miami
(Duek Lara/Divulgação)
PORTUGAL O mercado imobiliário português é um velho conhecido dos investidores brasileiros. Ao lado de EUA e Canadá, o Brasil é um dos principais emissores de clientes para o setor. E, embora muitas das políticas de incentivo aos estrangeiros para a compra de imóveis – como o Gold Visa – tenham sido extintas, o interesse permanece. Dentre as regiões mais procuradas estão a capital, Lisboa, Cascais, Algarve, Comporta e cidades do norte do país, como o Porto e Braga. “Cada uma delas atrai um tipo de comprador brasileiro específico: os paulistas preferem o caráter urbano da capital; cariocas procuram zonas de praia, como Cascais; e muitos têm ido ao Porto por conta da origem portuguesa de suas famílias”, explica Ayres Neto, sócio-diretor da The Agency Portugal, filial da imobiliária de luxo multinacional cuja sede fica em Nova York (EUA).
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Imóveis em Lisboa, Portugal, atraem o interesse dos compradores brasileiros
(The Agency Potugal/Divulgação)
Neto comanda um time de 100 profissionais de mais de 30 nacionalidades. “Portugal virou um destino imobiliário global, atraindo pessoas para investir e morar em um país considerado o 7º mais seguro do mundo, segundo o Global Peace Index 2025, com ótimo clima e gastronomia”, explica o executivo. De acordo com um levantamento do Instituto Nacional de Estatística (INE), o mercado imobiliário português cresceu 15,5% em vendas no segundo trimestre deste ano, movimentando 10,3 bilhões de euros. Os preços aumentaram 17,2% no período, um ótimo resultado para quem já contava com imóveis no país.
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A região do Porto, em Portugal, se transformou em novo hotspot imobiliário
(Aurios/Divulgação)
OUTROS DESTINOS
Além de Portugal e Estados Unidos, outros destinos têm atraído a atenção de quem busca comprar imóvel no Exterior, incluindo países da América do Sul. Na região, o Uruguai tem a preferência, por oferecer incentivos fiscais a estrangeiros que almejam investir no país. Atualmente, é preciso comprar um imóvel a partir de US$ 559 mil e permanecer no país por, pelo menos 60 dias, para obter o domicílio fiscal e a isenção de imposto sobre a renda no Exterior. Outra maneira seria investir US$ 100 mil/ano em um fundo de inovação apoiado pelo governo do país por 11 anos.
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Suíte no Cipriani Punta del Este, no Uruguai
(Coelho da Fonseca/Divulgação)
“É um lugar que o público de alta renda brasileiro está habituado a frequentar e que oferece vantagens para quem busca construir uma vida nova”, analisa Álvaro Marco Coelho da Fonseca, diretor executivo da imobiliária Coelho da Fonseca. Dentre os empreendimentos mais procurados pelos brasileiros está o novíssimo Cipriani Resort, Residences & Cassino, em Punta del Este. O complexo de US$ 500 milhões está previsto para ser entregue em 2026 e contará com 68 residências, de 203 a 810 metros quadrados. “Será um ícone do mercado uruguaio e de todo o continente”, resume Fonseca.
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Soulever, em Dubai: oportunidade no Oriente Médio
(Bossa Nova Sotheby’s/Divulgação)
Ainda menos óbvio, os Emirados Árabes também entraram no mapa dos “Ultra High Net Worth Individuals” (UHNWIs) do Brasil. “São super-ricos com patrimônio acima de US$ 30 milhões, que estão em busca de entender o mercado daquele país, em especial, de Dubai”, explica Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s em São Paulo. Romero explica que os brasileiros estão começando a comprar apartamentos na faixa de US$ 500 mil a US$ 1,5 milhão. “É para investimento. Dubai é um hub internacional e tem alta demanda por imóveis de locação. O ‘yield’ anual no país chega a 8%, bastante acima da média”, analisa Romero. “Além disso, a valorização média dos apartamentos novos na cidade é de 25-30%, entre o momento da aquisição e a entrega das chaves”, comenta.