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Por Fabiano Mazzei
O mundo está descobrindo a Amazônia. Com uma experiência de viagem única, que combina imersão extrema com a natureza, culinária exótica e deliciosa, cultura e sustentabilidade, o maior bioma do planeta entrou na rota do ecoturismo global. A região está distribuída em nove países da América do Sul, com uma área aproximada de 7,4 milhões de km2 – 60% disso no Brasil –, dona de uma rica biodiversidade e sustentada por uma vasta e complexa rede hidrográfica, com o Rio Amazonas ao centro. É neste cenário que milhares de visitantes têm desembarcado todos os anos.
Segundo a Embratur, apenas o estado do Amazonas – um dentre nove que detêm parte da floresta tropical – recebeu 28,4 mil turistas estrangeiros em 2024, um aumento de 18,2% em relação ao ano anterior. Em geral, eles vêm dos Estados Unidos (25%), Inglaterra, Alemanha, França e de países da América do Sul. E a oferta de voos diretos semanais entre a capital amazonense e Estados Unidos e Europa tem papel fundamental neste crescimento.
Em 2023, o estado recebeu mais de 983 mil visitantes, incluindo os brasileiros. O impacto econômico é notório. Estima-se que foram despejados na economia do Amazonas naquele ano aproximadamente R$ 942 milhões – cerca de 30% acima do volume gerado um ano antes.
Mas o que esse contingente cada vez maior de turistas busca na Amazônia? A região é repleta de atrações: desde expedições de barco pelos rios locais; trilhas em terra firme em meio a árvores centenárias; passeios diurnos e noturnos para avistamento de animais, como jacarés e botos cor de rosa; banhos em praias de água doce; inúmeras grutas e cachoeiras; além do encantador encontro das águas dos rios Negro e Solimões.
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Arquipélago Anavilhanas é um dos passeios obrigatórios
(Divulgação)
Um dos roteiros mais procurados é o Parque Nacional de Anavilhanas. Localizado no Rio Negro, é o segundo maior arquipélago fluvial do mundo, composto por mais de 400 ilhas, que formam um labirinto verde e aquático, protegido pelo ICMBio. Os passeios combinam caminhadas pela floresta, incursões de canoa em meio aos igapós (na época das cheias, entre maio e setembro) e visitas a comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas.
Uma das empresas que realiza este tipo de experiência pelo Rio Negro é a Expedição Katerre, sediada em Novo Airão, município a 200 km de Manaus (AM). Abertos desde 2004, eles oferecem seis opções de roteiros que duram de três a oito noites, em três embarcações – La Jangada, Jacaré-Açu e Jacaré-Tinga – construídas com materiais e técnicas navais desenvolvidas na região. Os barcos têm entre três e doze confortáveis cabines, todas com ar-condicionado. Decorados com artesanato e mobiliário locais, eles possuem salas de refeição, bar, projetor de cinema e solário na cobertura. O wi-fi de bordo é provido pela empresa Starlink, mas a ideia é não acessá-lo e se desconectar por completo do mundo urbano.
As viagens incluem passeios pela mata, mergulho em praias no meio do rio, formadas por bancos de areia, “birdwatching”, descobertas arqueológicas como os petróglifos pré-colombianos esculpidos em rocha e as ruínas do Casarão dos Bezerra em Airão Velho, vilarejo abandonado da região, e contato com o modo de vida das populações locais, conhecendo a produção de itens de artesanato e a extração da borracha nos seringais.
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Suíte de barco de lazer: conforto pelos rios amazônicos
(Divulgação)
TURISMO COMUNITÁRIO
O turismo de base comunitária (TBC) é uma atração bastante procurada pelos visitantes, principalmente estrangeiros. A modalidade alia conservação, sustentabilidade e desenvolvimento social, permitindo uma imersão genuína na vida ribeirinha e dos índios da Amazônia. O TBC tem sido essencial para a preservação dos recursos naturais, o incentivo à continuidade das práticas artesanais e a geração de oportunidades de renda para as populações locais, fortalecendo a qualidade de vida em seus territórios.
É possível, por exemplo, conhecer o trabalho de projetos socioambientais como o Fundação Almerinda Malaquias (FAM), em Novo Airão, que atua na formação e capacitação de mão de obra voltada ao artesanato e design em marchetaria, gerando renda fixa para cerca de 50 famílias. A iniciativa também oferece educação complementar no contraturno escolar da cidade para cerca de 200 crianças, com o objetivo de prepará-las para protagonizar soluções ambientais e manter a floresta em pé. Outro projeto importante é a Associação dos Artesãos de Novo Airão (AANA), que estimula a perpetuação da tradição do trançado de fibra de arumã para a produção de cestos, esteiras e balaios, com a ajuda de artistas locais a partir de saberes herdados da etnia indígena Baré, do Alto Rio Negro.
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Turismo comunitário é bastante procurado por visitantes estrangeiros
(Maihara Marjorie/Divulgação)
GASTRONOMIA
A culinária amazônica é outro ponto alto da viagem à região. Uma fusão singular de sabores nativos, tradições indígenas e ingredientes únicos, que são abundantes naquele bioma. Caso do tucupi, caldo extraído da raiz da mandioca brava, que serve de base de diversos pratos locais; de frutas como o açaí e o cupuaçu; e de pescados muito apreciados, como o tambaqui e o pirarucu, conhecido como “bacalhau da Amazônia”, pela consistência de sua carne.
É a partir deles que são feitos clássicos da gastronomia amazônica, como o caldo de tacacá, pato no tucupi, maniçoba – uma espécie de feijoada local –, o pirarucu de casaca, desfiado e servido com farofa e banana frita, e a caldeirada de tambaqui, um ensopado do peixe com legumes. Em Manaus, os restaurantes Terra & Mar, Banzeiro e Caxiri são os mais recomendados para provar destas iguarias. Em Belém (PA), a Casa do Saulo Onze Janelas e o Remanso do Peixe estão dentre os endereços obrigatórios para quem busca provar da riqueza gastronômica da Amazônia.
Na parte cultural, as duas capitais também oferecem opções de visita essenciais. Em Manaus, o Teatro Amazonas mantém viva a história do ciclo da borracha, época áurea da cidade. Inaugurado em 1896, o monumento encanta e surpreende pela imponência de sua arquitetura e riqueza dos detalhes. Em Belém, a Estação das Docas – com armazéns restaurados e construções históricas do século 17 – reúne gastronomia, artes e eventos em uma orla fluvial de 500 metros de extensão, no antigo porto da cidade.
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A culinária amazônica ganha releituras sofisticadas nos hotéis boutique da região
(Divulgação)
HOSPITALIDADE
O incremento do turismo dos últimos anos tem levado a um aprimoramento da rede hoteleira na região amazônica. Na categoria de alto padrão, surgiram opções que oferecem conforto, exclusividade, experiências imersivas e serviços de excelência. Próximo de Novo Airão (AM) fica o Anavilhanas Jungle Lodge, com 24 chalés e bangalôs de luxo, além da Villa Bacurau, que simula uma autêntica casa na floresta, com direito a piscina privativa. O hotel ainda possui restaurante que serve releitura de pratos regionais, bar flutuante, academia e mirante.
Já o Iberostar Grand Amazon não é um hotel tradicional, mas um navio de cruzeiro que oferece cabines luxuosas e suítes com varanda privativa, restaurante, piscina, academia, entretenimento para a família e serviço médico a bordo. Os roteiros duram de três a sete dias pelos rios Negro e Solimões, e incluem experiências fora da embarcação.

Piscina de hotel de luxo em meio a maior floresta tropical do mundo (Foto: Divulgação)
COMO CHEGAR DE AVANTTO
Aeronave indicada: Embraer Phenom 300
Partida: São Paulo (SP)
Aeroporto de Congonhas
Destino: Manaus (AM)
Aeródromo Internacional Eduardo Gomes (SBEG)
Coordenadas: 03º o2’ 27” S / 60º 03’ 02” W
Operação: VFR Diurno/Noturno, IFR Diurno/Noturno
Duração: 04h