14/02/22

O papel da aviação executiva na retomada da economia

Diante dos desafios de mobilidade impostos pela pandemia, o modal aéreo privado se tornou estratégico para as empresas na recuperação dos seus negócios. 
 
Tempo de leitura: 07 minutos

Por Rogério Andrade 
CEO Avantto 

O crescimento da demanda por voos na aviação executiva verificado em 2021 tanto no Brasil, quanto no resto do mundo, confirma o aquecimento vivido pelo setor e as perspectivas positivas que se vislumbram para este próximo ciclo. Na Avantto, por exemplo, registramos elevação de 50% no volume de horas voadas da frota de aviões no ano passado em relação a 2020 – e de +30% sobre 2019.

Ainda nestes bons ventos que sopram sobre o segmento, dados do relatório da consultoria Wing X publicado no último dia 03/02 revelam que o mês passado foi o mais intenso da aviação privada mundial para operações de asa fixa dos últimos dez anos: o total de decolagens foi 35% superior na comparação com janeiro do ano anterior.

O que está por trás de todos estes índices favoráveis é a demanda emergencial por mobilidade disponível e mais segura gerada pela pandemia. Com o fechamento das fronteiras à aviação comercial e as restrições de deslocamento impostas pela crise de saúde global, a aviação privada se tornou estratégica para o deslocamento de executivos e profissionais essenciais para a manutenção dos negócios.

A confiança das corporações foi conquistada por atributos de valor intangível: segurança sanitária, mobilidade flexível e garantida, e a otimização do tempo. Graças a este conjunto de fatores, grande parte das atividades empresariais puderam ser mantidas, o que foi fundamental para a retomada da economia que vemos em curso nos países atualmente.

É bem verdade que o surgimento de novas ferramentas digitais permitiu a realização do trabalho remoto com performance bastante adequada, atenuando a exigência por deslocamentos aos escritórios e clientes. Entretanto, para o C-level e board de tomadores de decisão que lideram as companhias, trabalhar em regime de home office nem sempre foi uma opção aceitável do ponto de vista da eficiência.

Seja no fechamento de novos contratos, visitas a plantas industriais ou monitoramento de propriedades agrícolas distantes dos grandes centros urbanos, a presença física in loco de executivos e profissionais especializados foi determinante para o desempenho das companhias naquela altura. E, embora seja inegável o avanço impressionante dos recursos de comunicação à distância, nada consegue substituir ainda o contato humano, a sensação local e o shake hands no ambiente corporativo.

A segurança sanitária foi transformada em vantagem competitiva para a aviação privada. Com rígidos protocolos de saúde e fiscalização atenta das tripulações e equipes em terra, além da higienização total das aeronaves a cada voo e do acesso a embarque e desembarque sem exposição desnecessária a outras pessoas, viajar neste modal tornou-se opção prioritária nestes tempos de ameaças microscópicas e imperceptíveis.

Contudo, mesmo em períodos menos desafiadores, a aviação executiva tem se consolidado como essencial para o futuro dos negócios. Com aviões e helicópteros cada vez mais modernos, bem equipados e conectados – o que permite usá-los como verdadeiros escritórios aéreos –, aliados a capacidade de alcance a pequenos aeroportos regionais e helipontos, o setor oferece aos executivos a agilidade e mobilidade necessárias para fazer mais e em menos tempo aquilo que está demandado em suas agendas de trabalho. E aqui, efetivamente, tempo significa dinheiro e caixa positivo para as companhias. 
 
Compartilhamento de propriedade 
A elevada percepção de valor deste modal de transporte privado na pandemia fez com que muitas empresas buscassem formas de investimento inteligentes para deslocar seus ativos mais importantes. Um deste modelos de contratação foi o de compartilhamento de propriedade de aeronaves, core business da Avantto há mais de uma década. 
 
Nele, o cliente adquire uma participação em uma aeronave, pagando uma porcentagem do valor total da máquina e, assim, pode utilizá-la em um determinado número de horas por mês. O formato proporciona ainda a divisão dos gastos com manutenção, hangaragem e pilotos com os demais coproprietários do aparelho. E, na Avantto, garantimos 100% de disponibilidade para voar no contrato. 

A opção por este aporte eficiente e a custos mais racionais atende a uma demanda moderna em que o conceito da posse deixa de ser tão essencial. No caso do cliente corporativo, o mais importante é garantir o deslocamento de seus principais colaboradores e times de trabalho de maneira segura, personalizada conforme a necessidade e com o máximo de aproveitamento do tempo disponível. Para tanto, contar com um parceiro estratégico na gestão profissional e qualificada da mobilidade aérea é primordial para que estes líderes possam se concentrar apenas no que mais importa: a expansão dos seus negócios. 

31/01/22

A transformação está no ar

O ano de 2022 marca o início da jornada rumo à efetivação da mobilidade aérea elétrica como novo modal de transporte nas cidades. 

Tempo de Leitura: 5 minutos 

Por Rogério Andrade, CEO Avantto 

O que há até bem pouco tempo seria uma típica cena de filme futurista – “carros voadores” cruzando os céus das cidades – agora é questão tempo para se tornar realidade no cotidiano dos grandes centros urbanos do mundo. A mobilidade aérea urbana (UAM, na sigla em inglês) vem se desenvolvendo rapidamente nos últimos anos, com foco especial em aeronaves elétricas de pouso e decolagem verticais, os eVTOLS. 
 
A tecnologia onboard tem sido aprimorada, sobretudo no que se refere aos sistemas de segurança e capacidade de realizar voos de forma autônoma, bem como o alcance destes aparelhos, a medida que as baterias elétricas se tornam energeticamente densas e capazes de cumprir trajetos mais extensos com uma única carga. 
 
A partir desta década, o segmento passou a desenvolver também ecossistemas integrados que conectam aparelhos, infraestrutura terrestre – os vertiportos – e a rede de serviços para atender ao transporte de produtos e de passageiros. 
 
Em outubro de 2021, a Avantto assinou uma Carta de Intenções com a Eve Urban Air Mobility, empresa da Embraer, que confirma uma parceria destinada a desenvolver este ecossistema na América Latina. O acordo contempla ainda uma encomenda inicial de 100 eVTOLs da startup, com entrega prevista para começar em 2026. 
 
A EVE escolheu a Avantto como parceira principalmente por conta da nossa expertise de mais de uma década no desenvolvimento de softwares, sistemas e procedimentos que permitem oferecer serviços de transporte de helicóptero em áreas urbanas e de curta distância sob medida, 24 horas por dia, 7 dias por semana, para centenas de membros ativos. Este conhecimento exclusivo será um dos pilares do ecossistema que estamos desenvolvendo junto a Eve.  

Mobilidade disruptiva 
 
Especialistas do setor indicam que até meados desta década já testemunharemos eVTOLs em operação nas principais metrópoles do planeta. Uma completa disrupção na cadeia da mobilidade dentro das áreas urbanas, uma vez que o novo modal atenderia especialmente à demanda pelo last mile, o transporte “porta a porta” que se traduziria em imenso ganho de tempo para os seus usuários. 
 
Deslocamentos entre centros financeiros, aeroportos ou parques industriais, por exemplo, estariam no centro deste modelo de transporte, retirando do custo operacional das empresas as muitas horas perdidas de seus executivos e times de trabalho no trânsito terrestre ou à espera de voos comerciais. 
 
O serviço de eVTOLs é a peça que faltava no quebra-cabeça complexo da mobilidade urbana para a consolidação do conceito de Mobility-as-a-Service (Mobilidade como Serviço) que deve predominar no mundo nos próximos anos, onde pessoas passam a se locomover utilizando uma combinação de modais públicos e privados mais acessíveis e eficientes.  

Aspecto ambiental 
 
Mais além, a mobilidade aérea elétrica nas cidades colabora não apenas com a eficiência do transporte urbano – algo sensível para um mundo que terá 70% das pessoas vivendo nestas áreas até 2050, segundo a ONU –, mas também na descarbonização do setor e sua consequente redução das emissões de gases do efeito estufa. 
 
Em relatório recente da EBAA – European Business Aviation Association, o transporte aéreo corresponde a 2% dos poluentes nocivos lançados na atmosfera por ano. Deste volume, outros 2% estão relacionados à aviação executiva. Portanto, investir no desenvolvimento de aeronaves carbon zero para voos de curta distância refletirá diretamente na qualidade de vida das cidades, uma vez que toneladas de CO2 deixarão de ser liberadas no ar. 
 
Outro reflexo positivo se refere à sustentabilidade empresarial e a agenda ESG, pautas em absoluto destaque no mundo dos negócios atualmente. Companhias que movimentarem seus principais ativos sem gerar pegada de carbono no meio ambiente agregarão mais valor às suas marcas e sairão na frente na disputa por novos contratos e acesso à fundos de investimento. 

Em novembro passado, na COP26 – a 26ª Conferência do Clima da ONU –, muitos governos deixaram clara a sua posição quanto a investirem em países e empresas que comprovadamente demonstrem ações de redução de suas emissões. Isso abre um imenso campo de novos negócios ao qual a Avantto passa a estar inserida com a parceria junto à Eve. A partir de agora, a longevidade das empresas dependerá dessa transição energética. Uma transformação que está no ar e tem na mobilidade aérea elétrica o seu principal agente de mudança rumo a um futuro mais móvel e sustentável.