18/10/23

Médico do ar

No transporte aeromédico, profissionais de saúde precisam lidar com situações extremas, adaptar-se ao ambiente e lutar contra o relógio para salvar vidas. 

Tempo de Leitura: 03 minutos

Por Avantto 

Na quarta-feira 18/10, comemora-se o Dia do Médico: uma justa homenagem a estes profissionais de saúde cuja missão é cuidar da saúde das pessoas. Dentre as diversas especialidades que compõem a carreira, uma reúne desafios bastante particulares: a medicina aeroespacial. 

O médico aeroespacial atua em UTIs aéreas e no atendimento de urgências, emergências e resgate hospitalar por meio de aeronaves. Ele deve ser apoiado por um profissional de enfermagem, além da tripulação no comando do avião ou helicóptero.  

Conforme a legislação vigente, definida pelo Ministério da Saúde, este médico ou médica precisa de certificação em cursos especiais para exercer a função. Além disso, deve-se comprovar conhecimento em aeronáutica também. 

Profissional de saúde precisa agregar conhecimentos específicos de aeronáutica para atuar no transporte aeromédico. Crédito: Mat Napo/Unsplash.

Qual capacitação é exigida para ser aeromédico? 
De uma maneira geral, o profissional que busca ser aeromédico deve ter experiência em atendimento pré-hospitalar, de urgência e emergência, e noções sobre as rotinas aéreas. Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial (SBMA), na Portaria 2048 do Ministério da Saúde, de 5 de novembro de 2022, o Capítulo IV dispõe sobre o Atendimento Pré-Hospitalar Móvel. No item 1.3 – Capacitação Específica dos Profissionais de Transporte Aeromédico, define os conteúdos exigidos: 

Noções de Aeronáutica: terminologias, procedimentos normais e de emergência em voo, evacuação, segurança interna e externa das aeronaves, embarque e desembarque de pacientes. 
Noções de Fisiologia de Voo: atmosfera, fisiologia respiratória, disbarismo, efeitos da aceleração no corpo humano, aerocinetose, ritmo circadiano, gases e líquidos tóxicos em aviação, cuidados com a saúde do paciente em voo. 

Existem cursos particulares que fornecem esta formação. Médicos e enfermeiros devem contar com carga horária mínima de 10 horas em conhecimento aeronáutico e outras 20 horas sobre fisiologia de voo. 

No Brasil, segundo registros oficiais, a maioria dos atendimentos aeromédicos está ligada a emergências cardiovasculares politraumatismos graves, comuns em acidentes de trânsito. Mas as ambulâncias aéreas também estão preparadas também para outras ocorrências, causadas por doenças neurológicas, oncológicas, respiratórias, obstétricas e neonatais. 

Existem empresas de assistência de saúde e de aviação especializadas neste tipo de operação. O custo do transporte aeromédico depende da aeronave solicitada, distância e da complexidade do atendimento a ser realizado. Tanto helicópteros, quanto aviões estão aptos a realizar este tipo de missão, desde que devidamente adaptados. 

Equipamentos de suporte à vida e atendimento pré-hospitalar de um helicóptero de transporte aeromédico. Crédito: Mat Napo/Unsplash.

Origem 
De acordo com o artigo “Aspectos históricos do transporte aeromédico e da medicina aeroespacial” (Rev. Med. Minas Gerais, 2013), história do transporte aeromédico remonta à medicina de guerra, utilizado para a remoção de feridos nos conflitos. 

O primeiro registro encontrado seria na Guerra Franco-Prussiana, em 1870, quando balões foram usados para retirar civis e soldados de Paris. Na época, como estes infláveis não eram controláveis, o plano era um só: tirar as pessoas da capital francesa, qualquer que fosse o destino. 

Registro de avião ambulância em 1918, pós-Primeira Guerra Mundial . Crédito: Arquivo Público.

Na Primeira Guerra Mundial (!914-1918), aviões foram usados como transporte aeromédico pela primeira vez. De forma rudimentar, levavam o paciente (um por aeronave) a 150 km/h em um compartimento despressurizado e sem oxigênio suplementar improvisado na fuselagem. 

Com a evolução da aeronáutica, o serviço de resgate aéreo também se aprimorou. Na Segunda Grande Guerra, foram utilizados aviões DC-10 americanos adaptados com diversas macas na cabine. Já na Guerra do Vietnã, foram os helicópteros que se destacaram no transporte aeromédico, em virtude a geografia desafiadora dos locais onde ocorreu o conflito. 

Helicóptero do exército dos Estados Unidos pousa em uma base flutuante em um rio do Vietnã. Crédito: Arquivo Público. 

Muito além do front
Nos dias atuais, o transporte aeromédico vai muito além de situações de conflitos armados: ele é de vital importância, por exemplo, no atendimento às populações de lugares remotos, no transporte de órgãos e em episódios de desastres naturais, por exemplo. Na pandemia, também foi crucial no deslocamento de pacientes em fase aguda da Covid. 

Neste período, em 2020, o transporte aeromédico ganhou um reforço mais do que oportuno. Diversas companhias do setor de aviação executiva cederam suas aeronaves para o deslocamento de médicos, enfermeiros, equipamentos de proteção, cilindros de oxigênio e vacinas. Graças a esse suporte, foi possível atingir regiões distantes e levar auxílio aos hospitais de campana durante os meses em que a aviação comercial esteve proibida de operar. 

Em um tipo de operação aérea onde a agilidade para o atendimento é determinante para o sucesso da missão, o transporte aeromédico – bem como a aviação executiva – têm sido um recurso essencial no trabalho dos profissionais de saúde embarcados. Porque, afinal, na hora de salvar vidas, ganhar tempo é fundamental. 

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