Crédito: Truman Talbot/Unsplash.

08/03/24

Dia Internacional da Mulher

Por Avantto

A presença de mulheres na aviação cresce ano após ano no Brasil, mas ainda está muito aquém do potencial que elas poderiam entregar ao setor caso tivessem mais oportunidades. Segundo levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o número de mulheres com licença como piloto comercial de avião aumentou 64% entre 2015 e 2018. No entanto, apenas 3% dos profissionais com licença para voar no Brasil são mulheres. Dentre os pilotos efetivos, são menos de 2%. 

A Avantto tem apoiado a participação das mulheres na aviação. Em seu quadro de pilotos, por exemplo, já são duas profissionais efetivadas: as comandantes Aline Maia e Jenifer Carneiro. Ambas paulistas, Aline pilota helicópteros, enquanto Jenifer é comandante de jato. Este blog conversou com elas para saber da rotina, desafios e sonhos que as movem na profissão. Uma homenagem à todas as mulheres que atuam no setor neste 8 de março – Dia Internacional da Mulher. Acompanhe. 

Como iniciaram na aviação? 
Aline Maia – Aos 21 anos, eu fazia pós-graduação em Desenho Industrial e pesquisava sobre helicópteros – meu projeto de conclusão de curso era sobre carro voador. Um amigo de meu pai que era piloto me levou para conhecer fabricantes e helicentros e aquilo me despertou para essa paixão. Sempre tive paixão por pilotar coisas: era criança e pedia para o meu pai para dirigir o carro. Abandonei a pós e fui fazer curso de piloto. 

Jenifer Carneiro – Tinha acabado de me formar no ensino médio e estava indecisa sobre qual carreira fazer. Meu pai sempre foi apaixonado por aviação, tenho três irmãos e todos fizeram cursos de pilotagem – mas nenhum seguiu na profissão. Naquele ano, fui passar férias com uma amiga na cidade onde meu pai nasceu, no interior de Minas Gerais, e lá fomos fazer um voo panorâmico. Foi meu primeiro voo de monomotor e o piloto deixou comandar a aeronave por alguns minutos. Quando aterrissei, encantada, já sabia que era aquilo que queria fazer da minha vida. Voltamos a São Paulo e, no dia seguinte, meu pai me levou para a escola de pilotagem, em Jundiaí. E assim comecei, em 2015. 

Comandante Aline Maia (Arquivo Pessoal).

Lembram do primeiro emprego na área? 
Aline – Fui instrutora de voo, trabalhei numa escola no Campo de Marte (SP). Depois, fiz aero reportagem e transportava jornalistas que faziam boletins de trânsito da capital paulista. Voava bastante, cinco, seis horas por dia, para pegar movimentações da manhã, almoço e fim de tarde. Finais de semana também. Então, fui para o táxi aéreo na sequência, onde fiquei por quase dez anos. Fiz de tudo: de transporte executivo, aeromédico, combate a incêndio, inspeção de linha de energia, de gasoduto… voei quase o Brasil todo. Na Avantto, estou desde agosto de 2023. 

Jenifer – Após o curso de formação, trabalhei no escritório de aviação de um grande banco privado em São Paulo. Cuidava da rotina administrativa, pagamentos, agendamentos de voo. Foi quando veio a pandemia e fiquei fora do mercado por sete meses. No retorno dos voos, fui chamada para uma empresa que prestava serviços ao mesmo banco e, em 2021, surgiu uma vaga de voo para Phenom 100. Na Avantto, comecei em abril de 2023.

Como é a rotina de trabalho? 
Aline – Recebo o planejamento dos voos na noite anterior. Em média, faço de 30 a 50 horas de voo por mês. Mas a agenda é bastante flexível. Quanto a conciliar com as tarefas de casa e cuidar do meu filho, tenho uma rede de apoio familiar que me ajuda bastante, além do berçário. É fundamental. 

Jenifer – A rotina é relativa. Há semanas com mais voos, outras mais tranquilas. Finais de semana e feriados quase sempre trabalhando. A aviação executiva é bem dinâmica, não tem uma rotina fixa. Eu gosto disso. Tenho namorado em São Paulo e família em Arujá, na Grande São Paulo. Com namorado e amigos na capital consigo encontrar mais vezes. Já para ver a família, visito mais nas folgas mais longas. 

Comandante Jenifer Carneiro (Arquivo Pessoal).

Trocariam de carreira por alguma outra? E qual o sonho de vocês?
Aline – Não. Eu vivo momentos únicos quando estou pilotando o helicóptero. Já vi paisagens incríveis pelo Brasil: cânions, florestas, o litoral maravilhoso. Tenho muito prazer no que eu faço. Quando finalizo um voo e faço um pouso suave, como quem desce sobre uma cama de algodão, paro e penso: é isso que gosto de fazer. 

Jenifer – Não! Eu acredito que seja importante ter um plano B na vida, mas trocar pela aviação, não. Meu sonho é me tornar comandante, pilotar máquinas maiores dentro da aviação executiva mesmo. E ser uma profissional melhor a cada dia, para a empresa, colegas de trabalho e passageiros. Oferecer o meu melhor sempre. 

Falta espaço para as mulheres na aviação? E o que diriam para outras mulheres que sonham com uma carreira na aviação?
Aline – As mulheres precisam de mais oportunidades. Com isso, seria outro cenário. Não somos apenas 2% dos pilotos do Brasil por falta de interesse. Acredito que existam muitas mulheres com essa vontade, mas falta a elas estímulo. 

Jenifer – Eu diria a elas para que sejam determinadas, encarem os desafios e sejam persistentes. A mulher precisa provar sua competência muito mais do que os homens. Não é uma trajetória fácil. Então, busquem seus objetivos, invistam em conhecimento e tenham fé em si mesmas. 

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