23/10/23

A vida sobre as nuvens

No Dia do Aviador, conheça a história de dois pilotos da Avantto: a paixão por voar, a jornada até comandar uma aeronave e a rotina diária destes profissionais.

Tempo de Leitura: 04 minutos

Por Avantto 

Na tarde de 23 de outubro de 1906, no Campo de Bagatelle, em Paris, o brasileiro Alberto Santos Dumont realizou o primeiro voo de avião da história, diante de mais de mil pessoas. A bordo do 14-Bis, ele percorreu 60 metros em sete segundos e se tornou o primeiro ser humano a se deslocar acima do solo em um aparelho mais pesado que o ar durante um voo planado. 

Para marcar o feito na história, o governo brasileiro transformou a data no “Dia do Aviador”, em 1936. Uma homenagem a todos os homens e mulheres que pilotam aeronaves pelos céus do Brasil. 

Convidamos dois comandantes, Maurício Siqueira e Edison Costa, para contar um pouco de suas trajetórias, rotinas e da paixão por voar. Acompanhe os depoimentos: 

Edison Costa. Crédito: Arquivo Avantto

“Minha paixão por aviação começou ainda na infância, na cidade de São Leopoldo (RS), onde nasci. A reta de decolagem do aeroclube da cidade passava bem em cima da casa dos meus pais e aquilo despertou em mim o sonho de pilotar. 

Meu primeiro voo como piloto privado foi em março de 1970, em um “Paulistinha” (P56). Em dezembro, já estava formado como Instrutor de Voo. Como se dizia lá na época, eu era um ‘ratão de hangar’: vivia o dia inteiro dentro do aeroclube. 

Fiz curso de aviação agrícola e trabalhei dois anos com isso. É um tipo de voo que exige muito do piloto, por ter de voar perto do solo. Também fiz treinamento de voo acrobático. 

Em dezembro de 1973, entrei na antiga companhia Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul, no Rio. Meu primeiro avião comercial foi o YS-11, o famoso ‘Samurai’: um turboélice de 60 lugares, fabricado no Japão. Nesta época, voava muito pela região amazônica: Manaus, Belém, Boa Vista, Rio Branco, Porto Velho… lembro das rotas até hoje. 

Fui do YS-11 direto para o Boeing 737-200, conhecido como ‘Braguinha’ no Brasil. Foi como comecei a minha carreira com a linha Boeing, que pilotei até os anos 1990, voando por toda a América do Sul. Então, a Cruzeiro do Sul foi comprada pela Varig e passei a voar nos DC-10. Depois, no MD-11, da Varig Log. 

Em 2008, com a parada da Varig Log, voltei para o mercado. No final de 2011, fiz meus primeiros voos como freelancer na Avantto. No início do ano seguinte, fui contratado oficialmente pela empresa.  

As principais diferenças entre aviação comercial e executiva, além das aeronaves, é o tempo de voo das missões. Nas linhas aéreas, você voa cerca de 850-900 horas por ano. São viagens mais longas. Na executiva, os trajetos são mais curtos e você acumula perto de 300 horas/ano. Mas o profissionalismo é o mesmo e a necessidade de se estar atualizado também. A aviação é muito dinâmica e isso demanda estudo, treinamento e testes em simuladores para acompanhar a evolução. 

Hoje, sou Chefe de Pilotos de Asa Fixa da companhia: cuido da escala dos pilotos, atuo no planejamento das missões com o Centro de Controle Operacional (CCO), acompanho as condições dos voos junto a área de segurança. E piloto também, ainda voo bastante. Enfim, vivo aviação 24 horas por dia. 

Não me imagino fazendo outra coisa da vida. Uma época, na juventude, eu até pensei em ser médico: era o sonho da minha mãe. Mas a aviação era o que eu gostava mesmo: é uma profissão movida a paixão.” 

Comandante Edison Costa 
+35 mil horas de voo 
Chefe dos Pilotos Asa Fixa – Avantto 

Maurício Siqueira. Crédito: Arquivo Avantto 

“Sou piloto de helicóptero desde 2000. Sempre fui muito apaixonado por aviação: quando garoto, via um helicóptero voando e me imaginava lá. Mas acabei ingressando na área muito tarde. Eu fiz faculdade de Marketing antes, trabalhei como contato comercial e, um dia, resolvi jogar tudo para o alto e fui buscar viver essa minha paixão pela aviação. Por isso, só comecei a voar com 30 anos. 

O primeiro voo foi em um R22, pequeno, só eu e o instrutor. O voo de batismo, quando você está sozinho – você, o helicóptero e Deus – é um dos momentos mais marcantes da carreira. 

Com o tempo, fui mudando de aeronave até chegar no Agusta. Ele é um outro patamar, um aparelho biturbina com instrumentos que requer muito mais aprendizado e atenção. Quando você está no comando de uma aeronave dessa, a sensação é muito boa. 

A rotina envolve a preparação do voo no dia anterior, analisando a localização e identificando os pontos de atenção. No dia da missão, você atualiza os dados de meteorologia, faz um pré-voo com a aeronave, abastece e parte para a viagem. 

A semana de trabalho é de seis por um, com essa folga sendo obrigatória. Uma vantagem em pilotar helicópteros é que, como os trajetos são mais curtos, você sempre volta para base. Ou seja, na maioria das vezes, você consegue dormir em casa. 

No geral, é uma profissão que exige estudar sempre: fazer cursos e treinamentos de reciclagem o tempo todo, tanto teórico, quanto prático. E precisa entender que você terá de renunciar a certas rotinas que são diferentes nas carreiras convencionais como, por exemplo, trabalhar eventualmente aos finais de semana e feriados. 

Já transportei muita gente interessante, de artistas, atletas e políticos. Lembro que, uma vez, fui buscar o tenista suíço Roger Federer em um hotel na região da Avenida Paulista e deixei-o em outro ponto da cidade, para um evento. 

O dia a dia do piloto de helicóptero traz momentos muito gratificantes. Muitas vezes, durante os voos, você se depara com cenas e momentos tão impressionantes, paisagens incríveis, que sua vontade é de compartilhar aquela emoção com a família e amigos.” 

Comandante Maurício Siqueira 
+8.500 horas de voo 
Chefe de Pilotos de Asa Rotativa 
Avantto 

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