24/01/24

Parabéns, São Paulo!

Por Avantto

São Paulo completa 470 anos nesta quinta-feira, 25 de janeiro. Capital econômica do Brasil, a cidade que nunca dorme tem uma conexão forte com a aviação. O aeroporto regional mais movimentado do País, por exemplo, fica na capital paulista: Congonhas, com 580 voos domésticos diários e mais de 60 mil passageiros transportados em 2022. A maior frota de helicópteros do mundo também fica na cidade: cerca de 410 aeronaves em operação, realizando 2.200 pousos e decolagens todos os dias. Além disso, a história da aviação em São Paulo também é rica em fatos curiosos. Selecionamos quatro deles e contamos a seguir. Acompanhe. 

Cratera deixada por bomba lançada pela frota do Exército nacional sobre o Campo de Marte. Crédito: Reprodução.

Ataque aéreo na capital 
Acredite: São Paulo já sofreu um bombardeio aéreo! Foi nos anos 1930, durante o conflito entre as tropas federais legalistas e os revolucionários constitucionalistas, na capital paulista durante a Revolução de 1932. Naquele ano, foi criado o Grupo Misto de Aviação da Força Pública do Estado, que travou batalhas aéreas com a força aérea nacional. A frota era modesta, formada inicialmente por cinco aviões (chegou a mais de 30 depois, incluindo aviões civis adaptados para uso militar), abrigados no Campo de Marte. Segundo historiadores, em julho daquele ano, uma esquadrilha do Exército nacional bombardeou a pista, lançando cargas ao redor dos hangares. Embora não tenha destruído as edificações e o asfalto, as bombas deixaram diversas crateras pelo terreno. 

O Boeing 737-200, símbolo da ascensão e poder da Varig, nos anos 1970. Crédito: Divulgação.

VASP: apogeu e queda 
Logo após o conflito armado na cidade, um grupo de empresários paulistanos decidiu fundar a primeira companhia aérea de São Paulo – como já havia acontecido no Rio Grande do Sul, com a Varig, e no Rio de Janeiro, com a Panair do Brasil. Assim, no dia 4 de novembro de 1933, nascia a Viação Aérea São Paulo, a VASP. 

A frota de estreia contava com dois aviões General Aircraft Limited Monospar ST-4, para três passageiros, que decolavam do Campo de Marte em duas rotas experimentais: uma rumo a São José do Rio Preto, no interior do estado, e outra até Uberaba, em Minas Gerais. Em 1935, após a primeira crise financeira, a empresa foi estatizada e passou a pertencer ao governo estadual, operando, agora, do Aeroporto de Congonhas, em 1936. 

A VASP colecionou feitos em seus 75 anos de vida. Foi a primeira companhia aérea comercial brasileira a utilizar um avião com motores à turbina – o Vickers Viscount 827, em 1958. No fim dos anos 1970, inovou ao trazer para o Brasil o novíssimo Boeing 737-200, que se tornaria um símbolo de poder da empresa. Em 1990, a VASP foi privatizada e viveu rápida ascensão. O apogeu foi em 1998, com recorde no volume de passageiros transportados: 5,3 milhões de pessoas, voando em uma frota de 47 aeronaves para 46 destinos nacionais e internacionais. 

Infelizmente, sucessivas crises financeiras e de gestão arrastaram a companhia para anos sombrios, que culminaram com a redução das operações, eliminação de rotas e sucateamento das aeronaves até a decretação de sua falência, em 2008. 

Mosaico de pastilhas no Aeroporto de Congonhas (SP). Crédito: Roberto Stuckert/Reprodução.

Arte escondida em Congonhas
Quem frequenta diariamente o Aeroporto de Congonhas, o mais movimentado do estado de São Paulo, pode não perceber, mas está diante de uma galeria de arte, com obras tombadas pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo. Uma delas é o mosaico de pastilhas criado pela dupla de arquitetos Ernani do Val Penteado e Raymond A. Jehlen – os mesmos que assinam o projeto de todo o terminal de passageiros, inspirado na Art Déco. No aeroporto, é possível apreciar também um mural pintado por Clóvis Graciano e Di Cavalcanti, uma escultura de Brecheret, espelhos de Jacques Monet e, ainda, o piso quadriculado em preto e branco, protegido como patrimônio da cidade. 

Edu Chaves (à direita), ao lado do amigo e também aviador, Roberto Thierry, em 1920. Crédito: Reprodução.

Pioneiro na aviação 
Nem só de Santos Dumont vive a história da aviação brasileira. Um dos nomes mais importantes – e muito menos badalado – é do paulistano Eduardo Pacheco Chaves. Filho de fazendeiros de café bem-sucedidos, ele herdou terras na Zona Norte da cidade e decidiu criar ali uma pista de pouso e uma escola de pilotos. Edu Chaves, como ficou conhecido, era amigo pessoal de Dumont e de outra figura ilustre: o aviador francês Roland Garros, criador do famoso torneiro de tênis, com quem realizou um voo entre a capital e Santos, na Baixada Santista, em 1912. Chaves tem proezas notáveis no currículo: foi o primeiro brasileiro a sobrevoar o país, nos anos 1920; um dos primeiros pilotos a realizar um voo noturno entre Paris e Marselha, se guiando apenas pelas luzes de uma estrada de ferro que ligava as cidades; e também foi precursor da rota aérea a Buenos Aires. Mas seu feito mais importante aconteceu em 1914, quando decolou do campo de aviação da Mooca rumo ao Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, inaugurando a ponte aérea entre os dois estados. A pista e a escola de Chaves foram transferidas para a cidade de Guapira e o terreno foi doado ao muncípio, sendo transformado em bairro: Parque Edu Chaves. 

Notícias Relacionadas