03/02/23

Samba do Avião

A curiosa história de um dos maiores clássicos da Bossa Nova, criada em 1962 pelo maestro Antônio Carlos Jobim. Um hino de amor às belezas do Rio de Janeiro, escrito em terra firme pelo compositor que tinha medo de voar. Acompanhe. 

Tempo de leitura: 04 minutos 

Por Avantto 

“Samba do Avião” é considerada uma das principais canções da Bossa Nova de todos os tempos. Escrita por Antonio Carlos Jobim em 1962, a música faz uma ode às belezas naturais do Rio de Janeiro e sugere a emoção que o cantor, compositor e maestro sentia toda vez que regressava à cidade de suas turnês pelo mundo. 

Contudo, a letra tem uma origem curiosa. Na biografia “Antonio Carlos Jobim: um homem iluminado”, a sua irmã, Helena, conta em depoimento que Tom Jobim a escreveu durante os passeios que fazia de casa, em Ipanema, até o Aeroporto Santos Dumont. O motivo era a compra de jornais e revistas internacionais. No trajeto, ele ficava tão deslumbrado pela paisagem – composta pela Baía da Guanabara, Cristo Redentor e Pão de Açúcar – que resolveu homenagear a cidade. 

A irmã conta ainda que, apesar da admiração pela máquina e paixão pela aviação, Tom tinha medo de voar. Ele só fora convencido a embarcar em um avião no final daquele ano, por conta de sua participação em um festival de Bossa Nova no Carnegie Hall, de Nova York. 

No mesmo ano de sua criação, a música famosa fez parte de um filme, “Copacabana Palace”, dirigido por Stefano Vanzina. Tom Jobim não apenas assinou a trilha sonora do longa, como também fez ponta como ator, ao lado do cantor baiano João Gilberto e da banda Os Cariocas. 

“Samba do Avião” fora mostrada ao público pela primeira vez em um show no restaurante Au Bon Gourmet, bastante frequentado por intelectuais e sociedade cariocas, no bairro de Copacabana. No ano passado, a canção completou 60 anos de história. 

E o medo de avião? Bem, Tom Jobim precisou perdê-lo. Afinal, a sua carreira musical ganhou o mundo e ele precisou embarcar em jatos e bimotores muitas vezes, seja para gravar com Frank Sinatra nos Estados Unidos ou se apresentar nas principais casas de espetáculo do planeta. Na volta para casa, entretanto, é fácil imaginar o seu cantarolar a bordo: “Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro…”.

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