Créditos: Divulgação

06/06/24

Ebace 2024 

Por Avantto 

Preocupação ambiental, desenvolvimento da mobilidade aérea elétrica urbana e números positivos do mercado local foram os temas que dominaram as conversas no Palexpo em Genebra (Suíça), local da edição 2024 da European Business Aviation Convention & Bureau (Ebace) – o maior evento de aviação executiva do mundo. 

No total, mais de 180 expositores, entre fabricantes, operadores e prestadores de serviços participaram da Ebace neste ano, marcado pela apresentação de aeronaves na pista do aeroporto da cidade, e por debates e fóruns ministrados por players do setor. 

O painel de abertura foi conduzido por Ed Bolen, CEO e Presidente da National Business Aviation Association (NBAA), com a presença do aviador e ambientalista Bertrand Piccard; John Santurbano, diretor do Eurocontrol; e Delphine Bachmann, conselheira do Departamento de Economia e Trabalho do estado de Genebra. Os presentes destacaram a importância de uma ação conjunta para que o setor alcance o seu objetivo sustentável de zerar suas emissões de carbono até 2050. 

À esq., CEO da Ebace, Ed Bolen, comandou o painel de abertura da Ebace 2024: sustentabilidade e crescimento do mercado em debate. Créditos: Divulgação. 

“No futuro, as pessoas não perguntarão se nós voamos, mas como voamos. Isso resume o motivo de nos adaptarmos em busca das metas traçadas até lá”, afirmou Santurbano. Para Piccard – primeiro balonista a dar a volta ao mundo sem escalas e primeiro aviador a circundar o planeta a bordo de um avião movido a energia solar – disse que a indústria precisa estar aberta a novas tecnologias. “Já existem formas de voar de maneira ecologicamente correta e financeiramente viável ao mesmo tempo”, disse. 


ESTREIA 
A Ebace 2024 marcou a apresentação do eVTOL Lilium, da fabricante alemã Lilium Air Mobility. A aeronave contará com duas versões – de quatro e seis lugares. O primeiro modelo deve entrar em operação em 2026. O segundo, um ano depois. 

“Nós queremos fazer algo muito acessível a um público maior”, disse Klaus Roewe, CEO da Lilium Air Mobility. Até 2040, de acordo com Roewe, sua empresa fabricará uma versão capaz de transportar até 100 passageiros e realizar voos de 2 mil quilômetros usando apenas 75% da bateria. 

Lilium foi apresentado pela primeira vez ao público na Ebace 2024. Créditos: Divulgação.

Outros dois projetos de veículos de mobilidade aérea urbana elétrica foram mostrados no evento: o Cassio 330, da companhia francesa VoltAero; e o Midnight, da Archer Aviation, com sede na Califórnia (EUA). 
 
O primeiro é híbrido e poderá transportar tanto pessoas, quanto cargas. “Vantagem é que ele poderá operar tanto com combustível fóssil, quanto bateria elétrica”, disse Jean Botti, CEO e CTO da empresa. Já o Midnight foi pensado para atuar nas grandes cidades, realizando deslocamentos sobre as vias urbanas e estradas engarrafadas. Para Billy Nolen, executivo da empresa, as viagens neste novo modal terão preços semelhantes aos cobrados por um Uber Black.

Cassio 330: híbrido francês poderá transportar passageiros e cargas. Créditos: Divulgação.

CRESCIMENTO 
Analistas de mercado presentes no pavilhão de exposições do aeroporto de Genebra apontaram números favoráveis para o setor global no ano. A expectativa é de crescimento da frota, por exemplo, está na casa de dois dígitos em 2024. 
 
“Nossa previsão é muito otimista e realista também. Conforme projeção da General Aviation Manufacturing Association (GAMA), as entregas de novas aeronaves deverão crescer 13% este ano – 3% acima do que em 2023”, disse Rolland Vincent, diretor da consultoria JetNet IQ. Os motivos seriam demanda reprimida e novas certificações de fabricantes, gerando carteiras de pedidos firmes no ano. 
 
Na Europa, alerta Vincent, a expansão da frota executiva tem ritmo três vezes superior ao crescimento do PIB – algo não visto em outras regiões do mundo até aqui. Quanto aos estoques de aeronaves para comercialização, os analistas classificaram o momento do mercado europeu como “mais perto do normal”, com inventário local representando cerca de 7,5% de todos os aviões executivos à venda no mundo. 

Novo helicóptero AW109, o Gulfstream G700 certificado da Qatar Executive e a luxuosa cabine do BBJ Max 8: estrelas da Ebace 2024. Créditos: Divulgação.

A demanda global por voos charter também deve registrar aumento neste ano, bem como as atividades dos operadores. Tanto empresas que administram grandes frotas, quanto àquelas que operam uma única aeronave vêm acumulando alta no semestre. No segundo caso, o crescimento até aqui foi de 18,1% sobre 2023. “As operadoras de frotas maiores têm observado um aumento da ocupação por aeronave”, disse Richard Koe, CEO da plataforma Wing-X. 
 
Os números na Europa indicaram outros dois fenômenos: um aumento no volume de novos usuários da aviação privada e uma erosão na conectividade dos destinos atendidos pela aviação comercial. Caso ambos se confirmem no curto prazo, os efeitos ao setor seriam muito positivos. “A aviação privada na Europa tem seis vezes mais conexões regionais do que as companhias aéreas tradicionais. Isso demonstra a importância do setor para a conectividade no continente”, afirmou Koe. 

Crédito: Divulgação.

22/03/24

Mobilidade aérea em debate na SXSW 2024

Por Avantto 

O futuro do transporte aéreo ganhou centralidade em um dos eventos de inovação mais importantes do mundo: o South by Southwest (SXSW) 2024, realizado em março na cidade de Austin, Texas (EUA). 

Dentre as discussões, os temas que predominaram foram os desafios para tornar a aviação mais sustentável; como a aviação pode contribuir com a questão climática do planeta; quais passos ainda precisam ser dados para tornar o EVTOL (veículo elétrico de decolagem e pouso verticais) uma realidade nas cidades do mundo; e como equilibrar a inovação com o business aéreo. 

Fabricantes aeronáuticos, operadores, companhias aéreas e startups do setor marcaram presença nos painéis. A Embraer, por exemplo, foi host em quatro deles, realizados no dia 12, no The Line Hotel. Executivos da companhia como Cesar Pereira (Head de Sustentabilidade na Aviação Comercial), Dimas Tomelin (Vice-Presidente de Estratégia Corporativa, Digital e Inovação), Patricia Dias (Chefe Global do Programa de Intraempreendedorismo) e Cesar Ortolani (Chefe Global de Serviços Digitais) integraram a lista dos palestrantes, junto a outros especialistas do setor. 

“A presença ativa da Embraer no SXSW buscou debater o futuro da aviação sustentável e sobre como as organizações podem construir com sucesso para um amanhã brilhante, sem perder o foco nas necessidades atuais do mercado”, disse Dimas Tomelin. 

Conferência sobre mobilidade aérea na SXSW 2024: sustentabilidade e impacto ambiental na pauta do encontro. Crédito: Divulgação.

EVTOL
Em sua segunda participação consecutiva no SXSW, a Eve Air Mobility também foi anfitriã em um dos painéis do evento. Em “Pre-Flight Check: Next steps to make eVTOL flights a reality”, o presidente e CEO da empresa, Daniel Moczydlower, falou sobre os desafios e próximos passos para a abertura do espaço aéreo global a essa nova modalidade de transporte no prazo de dois anos. 

“Estamos reimaginando a mobilidade com foco nas conexões humanas, buscando tornar mais eficiente os deslocamentos nas grandes cidades”, disse Debora Ambar, Head de Brand da Eve. 

EVTOL da Eve Air Mobility: debate sobre os próximos passos para implantação do novo modal de transporte. Crédito: Divulgação. 

Em 2023, a empresa apresentou no evento um mockup da cabine do seu EVTOL, com espaço para quatro passageiros e um piloto, além da bagagem. Serão oito motores dedicados na decolagem vertical e duas asas fixas para ajudar nos voos de cruzeiro. Outros dois propulsores elétricos redundantes atuarão para dar mais performance e segurança. 

Parceria 
Em 2021, a Avantto anunciou uma parceria estratégica com a Eve Urban Air Mobility, subsidiária da Embraer responsável pelo desenvolvimento do eVTOL da fabricante aeronáutica. O objetivo principal é a elaboração e operação conjunta de um ecossistema de mobilidade aérea urbana no Brasil e América Latina. 

EVTOL da Avantto: parceria com a Eve Air Mobility inclui aeronaves e desenvolvimento de plataforma operacional. Divulgação.

Essa parceria vem acompanhada de um pedido de 100 aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL). “Vamos interagir de forma intensa com a EVE e coparticipar no desenvolvimento final dos eVTOLS, dos requerimentos para construção dos vertiportos e do sistema de controle do espaço aéreo”, diz Andrade.  

Com o advento dos eVTOLS, a expectativa é de que a Avantto passe a atender a verticais de mobilidade área urbana, com distâncias de até 50km, e entre cidades, com deslocamentos entre 70 e 300 km.  

26/07/23

A incrível fábrica de “carros voadores” 

Agora é para valer! Brasil será a sede da primeira fábrica de eVTOL (veículo elétrico de pouso e decolagem vertical) da Eve Urban Air Mobility. Avantto é parceira estratégica da empresa e já garantiu 100 aeronaves. 

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Por Avantto

A cidade de Taubaté, a 142 quilômetros da capital paulista, será a sede da primeira fábrica de eVTOL da Eve Urban Air Mobility – empresa subsidiária da Embraer, que desenvolve o projeto de carro voador para a companhia. O anúncio foi feito no dia 20 de julho. 

A planta ocupará uma área dentro do parque industrial da fabricante de aeronaves na cidade, considerada ideal pela proximidade com a sede da Embraer e acesso logístico, de equipamentos e equipes de engenharia. Segundo a Eve, já existem 2,85 mil eVTOLs encomendados por 28 clientes em todo o mundo. Uma carteira avaliada em mais de US$ 8 bilhões. 

A Avantto é um destes compradores. A companhia, líder no ramo de compartilhamento de propriedade de aeronaves, reservou 100 unidades do Eve. Além disso, ambas as empresas firmaram uma parceria estratégica na América Latina, visando o desenvolvimento de processos, tecnologias e experiência do cliente do futuro modal aéreo. 

Com base na sua experiência de mercado, a Avantto também está colaborando na criação e potencial operação conjunta de um ecossistema de Mobilidade Aérea Urbana no Brasil e na América Latina. 

“Oferecemos os serviços de propriedade compartilhada há mais de dez anos e com a chegada dos eVTOLS, passaremos a atender um público sensivelmente maior, uma vez que haverá redução importante nos custos das viagens (que será semelhante ao de aplicativos de carros). Continuaremos a atender os mercados corporativo e premium, mas uma nova população de usuários passará a ter acesso aos veículos aéreos e para isso ampliaremos a oferta de serviços. Os eVTOLS serão integrados na frota de compartilhamento e também para deslocamentos pontuais no serviço de Táxi Aéreo”, afirma Rogerio Andrade, CEO da Avantto. 

30/06/23

Pintura de aeronaves

Cores, tipo de tinta, preço: como é realizada a pintura de aviões e helicópteros. Acompanhe a seguir.

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Por Avantto 

Quanto custa pintar um avião? Quantos litros de tinta são necessários para cobrir um jato comercial? E por que a maioria dos aviões usam a cor branca? 

Apaixonados por aviação sempre têm muitas dúvidas quanto a pintura das aeronaves – sejam aparelhos para fins comerciais ou executivos. Mas, primeiro, é preciso entender as questões técnicas que envolvem o tema. 

Por exemplo, por que a maioria dos aviões são pintados de branco? Os fabricantes usam essa cor por um motivo simples: é a que menos absorve calor e, portanto, aquece menos o interior da cabine.

A tinta é a mesma usada em carros? Não. Elas precisam ser muito mais resistentes. Isso porque as aeronaves têm um nível de exposição ao clima e radiação solar muito superior ao dos veículos terrestres. Além disso, o impacto da chuva em um avião voando a velocidade cruzeiro é absolutamente crítico para a pintura. 

Quantos litros de tinta para pintar um avião comercial? Depende do tamanho. De acordo com a Dean Baldwin Painting, empresa americana que é referência neste tipo de serviço, em geral, aviões maiores como Boeing e Airbus costumam utilizar cerca de 350 litros. 

E quanto custa pintar um avião? Varia conforme o tipo de serviço e do tamanho da aeronave. Nos Estados Unidos, cerca de US$ 200 mil para jatos comerciais e pouco mais da metade para aeronaves privadas. 

Este é um mercado gigantesco também. Em 2020, as empresas que trabalham no setor em todo o mundo faturaram US$ 18,4 bilhões. A estimativa é de que este volume alcance US$ 65 bilhões em 2027. 

A norte-americana Dean Baldwin Painting realizou US$ 35 milhões em projetos de pintura em 2022. Dentre os seus clientes estão a United Airlines e a Delta.  

No Brasil e no mundo, fabricantes de aeronaves e prestadores de serviços de pintura têm buscado inovar quando o assunto é pintura de avião. 

A Embraer conta com um moderno hangar de pintura no interior de São Paulo, de alta tecnologia e sustentabilidade. Desde 2017, a empresa tem criado modelos especiais de sua frota comercial, com pinturas que remetem a animais, para levar a eventos ao redor do mundo. 

Naquele mesmo ano, foi uma águia. Em 2018, um E190-E2 com um imenso tigre pintado na fuselagem desembarcou no Singapore Airshow. Na feira em Farnborough (UK), foi um tubarão bem assustador a cruzar os céus. No ano seguinte, foi a vez de um “tech lion” aterrissar para a LABACE no Aeroporto de Congonhas (SP). 

Companhias aéreas também têm aderido a pinturas extravagantes. Em 2020, a Azul Linhas Aéreas mandou grafitar um de seus jatos de passageiros com uma obra do artista plástico urbano Pardal. O desenho impresso continha 58 cores e precisou de 150 quilos de tinta para ser realizado. 

Na aviação executiva, o padrão é termos jatos com pinturas mais discretas, com tonalidades de cinza, preto, azul e branco sendo predominantes. O que não impede do proprietário escolher projetos mais ousados para a sua aeronave. Em 2020, a Duncan Aviation (EUA) resolveu criar uma obra de arte voadora em um Citation 560 XLS: uma pintura com plantas e rosas, assinada pela artista contemporânea colombiana Nancy Friedemann Sánchez. 

Seja como for, a manutenção da pintura deve ser constante. Não apenas por razões estéticas, mas porque revestimentos externos descascados podem elevar o arrasto aerodinâmico, prejudicando a performance e elevando o consumo de combustível. Além disso, a vida útil de um equipamento tão valioso quanto um avião pode ser abreviada caso estes cuidados não sejam tomados. 

Outro ponto importante é o planejamento do serviço. O processo de pintura engloba a criação do design e a execução em si, o que envolve a retirada de peças móveis, extração total da pintura, lixamento, reparos eventuais na fuselagem, aplicação de primer, das camadas de tinta base, acabamento com os desenhos e reinstalação dos itens removidos. Isso faz com que a aeronave precise ficar fora de operação por um período significativo, exigindo do administrador da aeronave um planejamento minucioso. 

Como fazemos

A Avantto conta com oficinas de manutenção homologadas para realizar este tipo de serviço em nossas aeronaves. Os aviões da frota são pintados preferencialmente na própria fabricante Embraer. Já os helicópteros são atendidos em nossa base, no HBR (SP). 

Um Phenom 300, por exemplo, leva em média de 10 a 15 dias para ficar pronto, dependendo do processo escolhido – se decapagem ou lixamento – e do novo projeto de pintura. O mesmo prazo para o helicóptero Agusta Power. 

Esta manutenção completa é realizada a cada 10 anos. Porém, retoques na pintura são frequentes, visando manter a aparência e a qualidade da aeronave. 

23/06/23

Voos mais verdes

Indústria da aviação mundial busca descarbonizar o setor com o desenvolvimento de combustíveis mais sustentáveis e motores menos poluentes. 

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Por Avantto 

A indústria da aviação global tem investido fortemente para reduzir as suas emissões de carbono. Neste sentido, novos combustíveis e motores estão em desenvolvimento para diminuir o impacto do setor no meio ambiente.

O tipo de combustível mais usado em aviões e helicópteros é o querosene de aviação (QAV) – um derivado do petróleo obtido por destilação direta, de alta combustão. O combustível de aviação mais sustentável, mas que ainda não é produzido comercialmente, é o SAF (Sustainable Aviation Fuel), feito a base de matérias-primas renováveis, como o óleo de cozinha.

O SAF é cerca de 80% menos poluente do que o QAV. Na última edição da EBACE, a feira de aviação executiva realizada no fim de maio, em Genebra, diversas empresas utilizaram este combustível para deslocar as suas aeronaves dos países de origem até a Suíça. 

“Vimos no evento como o setor está reinventando a própria tecnologia de voo para assumir novas missões, atender novos clientes e conectar o mundo de forma sustentável”, disse o presidente da European Business Aviation Association (EBAA), Juergen Wiese. 

E avião elétrico existe? Sim, alguns projetos estão em fase avançada de desenvolvimento, mas o desafio maior está na fabricação de baterias de maior autonomia de voo. 

Há várias fabricantes aeronáuticas testando os seus protótipos de avião movidos a baterias elétricas ao redor do mundo. A companhia brasileira Embraer é uma delas. 

Em agosto de 2021, a empresa decolou de sua pista em Gavião Peixoto (SP) um modelo EMB Ipanema adaptado com grandes baterias elétricas e fez um voo teste sem consumir uma gota de combustível fóssil sequer. 

Em novembro daquele mesmo ano, a Rolls-Royce realizou testes com o Spirit of Inovation, o avião 100% elétrico da companhia. Na ocasião, a aeronave bateu o recorde de velocidade para este tipo de propulsão: 623 km/h. 

Dentre os modelos executivos, o Alice, da Eviation é um dos projetos mais adiantados. Destinado a viagens curtas, de até 800 km de distância, ele pode voar a 9 mil metros de altura e tem capacidade para até 11 passageiros. A velocidade de cruzeiro é de 400 km/h. 

Enquanto isso, motores híbridos tem sido uma solução mais viável. Eles se alternam conforme a etapa da viagem: no taxiamento de pista e voo cruzeiro, os propulsores elétricos entram em ação; na decolagem, o motor à querosene é ativado. 

Combustão de hidrogênio 
Outra tecnologia em desenvolvimento é a propulsão por hidrogênio líquido. O gás liquefeito é injetado nas câmaras de combustão e, em contato com o ar atmosférico, queima e gera calor – superior até à querosene de aviação tradicional. O processo é similar ao já utilizado em foguetes espaciais. A vantagem para o meio ambiente é que este tipo de motor emite vapor de água na fase final, não carbono.

Fabricantes como a Airbus têm projetos avançados neste sentido. A empresa inaugurou dois centros técnicos, na Alemanha e na França, para desenvolver os protótipos do projeto Zero E. A expectativa é de que os primeiros aviões movidos a hidrogênio sejam produzidos comercialmente a partir de 2035. 

Mas os desafios ainda são muitos: a produção em larga escala de hidrogênio; o desenvolvimento de tanques capazes de suportar variações de pressão com o gás; infraestrutura em terra para o abastecimento das aeronaves; e o próprio desenvolvimento de aviões adaptados a este novo tipo de combustível.

Isso porque o hidrogênio deverá ser comprimido em cilindros. Assim, os novos tanques ficariam melhor abrigados na fuselagem, não nas asas, tomando o espaço de carga e passageiros. A questão abre um novo campo de trabalho para os designers aeronáuticos e, no futuro, quem sabe, poderemos ver aeronaves com formatos bastante diferentes dos atuais voando pelos céus. 

06/06/23

Tudo sobre a EBACE 2023

A feira de aviação executiva mais importante da Europa foi marcada por análise do mercado global, lançamentos de novos modelos e atualizações quanto ao desenvolvimento dos EVTOLs. 

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Por Avantto 

Perspectiva positiva de mercado, lançamento de aeronaves e avaliação do desenvolvimento dos “carros voadores” – o EVTOL (Veículo Elétrico de Pouso e Decolagem Vertical) dominaram os três dias da EBACE (European Business Aviation Convention & Exhibition), realizada entre os dias 23 e 25 de maio, na Suíça.                         

Mas o que é EBACE? Trata-se da principal feira de aviação executiva da Europa, que acontece todos os anos em Genebra, na Suíça. Na edição 2023, foram mais de 300 expositores posicionados no centro de exposições Palexpo e cerca de 50 aeronaves em exposição na pista do aeroporto internacional da cidade. 

Quanto ao futuro do setor, a despeito da pressão externa ao mercado e um leve declínio nas vendas, os analistas presentes no evento enxergam 2023 com otimismo. De acordo com o Diretor-Geral da WingX, Richard Koe, o tráfego aéreo privado entre Europa e Estados Unidos permanecerá a níveis mais altos do que a média verificada em 2019. O executivo destacou também um aumento no total de cidades que atendem ao segmento em todo o continente europeu. 

O mercado de aviação privada tem se mostrado mais resiliente diante das oscilações econômicas em comparação a outros períodos. Para os analistas do segmento, houve uma mudança estrutural no setor a partir da pandemia, consolidando um novo patamar – seja quanto às transações de compra e venda de aeronaves, ou sobre o volume de voos. Entre 2018 e 2023, a demanda de fretamentos em toda a Europa cresceu 10%.

NOVIDADES
O evento em Genebra foi marcado por uma série de lançamentos de aeronaves, como o novo Cessna Citation Ascend, da Textron Aviation, e a estreia do ACJ TwoTwenty, da Airbus Corporate Jets. 

A Bombardier apresentou pela primeira vez o Challenger 3500. O modelo combina conforto extremo, alta performance e baixo impacto de emissões de carbono. No interior da cabine, conectividade por iridium, controle de voz sobre determinadas funções, carregadores sem fio e monitores 4K de 24 polegadas. A cabine, aliás, recebeu vários prêmios, incluindo o “Best of the Best” no Red Dot Awards for Product Design, em 2022.

O G800, da Gulfstream, também fez seu primeiro voo intercontinental para o evento, entre os Estados Unidos e a Suíça. O jato para até 19 passageiros tem autonomia de 12,9 mil quilômetros voando a 1.100 km/h. A Embraer levou ao show o Phenom 300E, jato leve mais vendido do mundo há 11 anos, e dois modelos Praetor – 500 e 600. 

EVOLUÇÃO DOS “CARROS-VOADORES” 
Desenvolvedores de veículos de mobilidade aérea urbana (UAM) debateram sobre cronogramas, prazos e linhas de financiamento para que os EVTOLs se tornem realidade até o final da década. 

Dentre os desafios do momento estão a realização da certificação dos aparelhos, a verticalização da produção de todos os componentes por parte dos fabricantes, o ambiente regulatório e a rapidez com que o EVTOL estará disponível para uso público.  

No painel “Cleared for Takeoff: The Flight Plan for eVTOLs”, os palestrantes concordaram que esta nova modalidade terá um crescimento gradual no mercado, não uma transformação total da noite para o dia. Os “carros-voadores” deverão auxiliar no transporte de passageiros nas grandes cidades como também auxiliar nas localidades onde não haja nenhum tipo consistente de mobilidade. 

A Avantto também aposta na transformação da mobilidade aérea. A companhia é parceira da Eve – spin off da Embraer para o segmento – no desenvolvimento do novo ecossistema de voo nas principais cidades brasileiras. Firmou também um acordo de compra de 100 EVTOLs para entrega em 2026. 

A EBACE volta a movimentar Genebra entre os dias 28 e 30 de maio de 2024. 

14/04/23

Phenom 300: Campeão de vendas

Pelo 11º ano consecutivo, o Phenom 300, da Embraer é o jato leve mais vendido no mundo. Veja os motivos.

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Por Avantto

O jato brasileiro Phenom 300, da Embraer, foi o jato leve mais vendido do mundo em 2022. É o 11º ano consecutivo que a aeronave lidera o ranking global. Foram 59 aparelhos entregues, totalizando cerca de 700 aeronaves em operação em 36 países, com quase 1,8 milhão de horas de voo.

Em sua versão atual (300E), o jato brasileiro tem capacidade para até dez passageiros, alcance de 3,7 mil quilômetros, pode voar a 13,7 mil metros de altura e chega a 859 km/h de velocidade final.

O segredo do sucesso é a tecnologia embarcada de última geração e o grande espaço da cabine – com a maior altura do segmento, inclusive. Um dos sistemas mais importantes é ROAAS (Runway Overrun Awareness na Alerting System), pioneiro para alerta e prevenção de saídas de pista.

A Avantto – empresa líder de compartilhamento de aeronaves executivas na América Latina – é a maior operadora de jatos Phenom. Em 2023, a companhia acrescentou mais uma unidade ao seu portfólio – o 10º da frota.

Os jatos Phenom 100 e 300 fazem parte do programa Avantto Share, de compartilhamento de propriedade de aviões e helicópteros. Para conhecer mais detalhes, clique aqui.

O aumento da frota reflete o bom momento do setor de aviação geral como um todo no País. Segundo dados da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), a frota nacional de jatos executivos saltou de 688 em 2020 para 780 aeronaves no ano passado. A média mensal de voos também cresceu 15%, superando as 315 mil operações até o mês de outubro.

No mundo, o faturamento dos fabricantes chegou a US$ 28,8 bilhões – 5,8% acima na comparação ano a ano. O volume entregue no ano passado foi 6,5% superior, com destaque para 682 helicópteros a turbina e 2.818 aviões: 582 turboélices, 712 jatos e 1.524 com motor a pistão. Os dados são da General Aviation Manufacturers Association (GAMA).

19/12/22

Aviação privada no Brasil fecha 2022 em alta

Ano foi de forte aquecimento para o setor, com recorde de voos registrados, fila de espera para a compra de aeronaves e crescimento do mercado de propriedade compartilhada.

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Por Avantto

Ventos mais que favoráveis impulsionaram a aviação geral no Brasil em 2022. Indicadores positivos relacionados ao volume total de pousos e decolagens no ano, alta demanda para a aquisição de jatos e o crescimento do segmento de propriedade compartilhada sugerem que o setor vive o seu melhor momento desde a pandemia. 

O volume de movimentações de aeronaves privadas – executivas ou agrícolas – nos 34 principais aeroportos e helipontos do país, por exemplo, chegou a 315,5 mil entre janeiro e outubro – quase 10% a mais do que no mesmo período de 2021. 

Apenas em outubro foram 31,3 mil registros – 2,2 mil a mais do que no mesmo mês do ano passado e 5 mil acima em relação a 2020. Os dados são do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) e foram divulgados em novembro pela Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag). 

Frota maior 
O ano marcou também o crescimento de 2,5% da frota da aviação geral, alcançando 9,4 mil unidades. O levantamento foi feito pela Abag e considera ciclos entre os meses de abril. O segmento de jatos executivos contabilizou 60 novas aeronaves, chegando a 749 aviões em operação no país – 8,7% superior a 2021. 

O total de turboélices cresceu 12,9%, com 1.462 aparelhos. Já em relação aos helicópteros, a frota de modelos movidos a turbina chegou a 1.061, cerca de 6% superior. Com 3,3% de crescimento e 600 aviões este ano, a aviação agrícola também acompanhou a evolução do setor. 

Filas e compartilhamento
O interesse em adquirir uma aeronave particular ou desfrutar dos seus benefícios com investimentos mais eficientes estimulou a demanda por aquisição de aeronaves e o modelo de compartilhamento de jatinhos e helicópteros. 

A procura por jatos novos, por exemplo, criou uma fila de espera de 30 meses na Embraer – a maior fabricante de aviões executivos da América Latina. A desincompatibilização da oferta tem como responsável também a disrupção da cadeira de fornecedores de peças e componentes ainda decorrente da pandemia de Covid-19. 

Neste cenário – e sem condições para aguardar tanto tempo – diversas empresas e clientes individuais têm recorrido ao modelo de compartilhamento de propriedade. Nele, o jato ou helicóptero é dividido em cotas e garante aos seus compradores pacotes de horas de voo mensais. 

A  Avantto é empresa líder neste segmento e onde atua há mais de uma década. Com um portfólio de aproximadamente 450 usuários ativos, faz cerca de 1.400 decolagens mensais e voa mais de 810 mil km por ano.

Para saber mais sobre o programa de compartilhamento de propriedade, clique aqui: avantto.com.br

23/11/22

À jato e turboélice: qual a diferença?

Propulsores têm princípio de funcionamento semelhante e são igualmente seguros. Escolha entre os modelos deve ser orientada conforme o perfil de uso. 

Tempo de leitura: 05 minutos

Por Avantto

Em 12 de outubro, a Agência Nacional da Aviação Civil (ANAC) oficializou a interdição do aeroporto de Fernando de Noronha para pousos e decolagens de aviões à jato (exceto em caso de emergências médicas ou entregas de valores). Segundo a portaria do órgão, o motivo da proibição é o estado de degradação da pista, com fragmentos de asfalto soltos que podem ser aspirados pelos motores dos jatos, causando danos que podem provocar acidentes graves. 

Enquanto é reformada, a pista permanece liberada apenas para o tráfego de aviões turboélices. Mas qual a diferença entre os modelos? E por que um pode operar na pista do arquipélago e outro não? 

Por definição, ambos os propulsores são considerados motores à reação e tem o mesmo princípio de funcionamento: o ar externo é captado, comprimido, queimado com combustível e transformado em gás – que pode ser usado para retroalimentar o motor ou ser expelido em alta velocidade.

No turboélice, o impulso principal vem das pás externas que geram uma tração para frente e movimentam a aeronave. Nos propulsores à jato (turbofan), grande parte do empuxo se dá pela massa de ar deslocada para trás pelo FAN e uma menor parcela de gases expelidos pela tubeira de exaustão do motor, provocando uma força de reação que empurra o avião para

Devido à força de sucção ser muito maior nos motores à jato, bem como sua área de exposição ao ar de impacto, estes motores são mais vulneráveis a admissão de poeira e detritos sólidos. Esta é a justificativa para a proibição desse tipo de aeronave no aeródromo de Noronha: o risco de sucção de um pedaço do asfalto é maior. 

Qual escolher? 
Para quem pensa em adquirir um avião privado e está em dúvida sobre qual modelo escolher, vale observar os requisitos a seguir para uma avaliação sobre custo-benefício: 
 
1. Perfil de uso 
Para atender empresas em missões frequentes de curta/média distância, o turboélice tende a ser a melhor opção pelo menor custo de hora-voo. Entretanto, se o uso da aeronave envolve longas distâncias e tem a exigência de maior conforto – como no transporte de familiares –, a escolha de um jato leve é a mais indicada: além de ser mais silencioso, ele voa mais alto e rápido, chegando ao destino em menos tempo – o que também reduz os ciclos de manutenção. 
 
2. Manutenção 
Conforme o perfil de uso e tempo de vida da aeronave, os valores gastos com a manutenção de um turboélice e um jato leve tendem a ser próximos. Enquanto a motorização dos jatos é mais complexa, os turboélices precisam passar por mais inspeções programadas. 

 3. Custos operacionais 
Também neste aspecto, os custos com seguro, pilotos, hangaragem e certificações de segurança são equivalentes para ambos os modelos de aeronave. A diferença maior fica por conta do consumo de combustível, que pode ser duas vezes maior na propulsão turbofan. 
 
4. Pistas 
Neste ponto, há uma diferenciação fundamental entre os modelos. Apenas o turboélice está apto a operar em pistas de terra ou de relevo irregular – típicas de fazendas, por exemplo. Além disso, por sua aceleração mais rápida, é também indicado para pistas de extensão curta. No caso dos jatos, a exigência é utilizar pistas pavimentadas e conservadas, com o comprimento exigido de acordo com a especificação da aeronave. 

04/11/22

O futuro da aviação

Na 75ª edição da NBBA-BACE, a feira de aviação realizada em Orlando (EUA), mobilidade aérea urbana, sustentabilidade e inovação foram os assuntos em destaque. Acompanhe.  

Tempo de leitura: 03 minutos

Por Avantto

Novas tecnologias de voo, mobilidade elétrica aérea urbana e adoção de estratégias mais sustentáveis para a redução das emissões de carbono do setor. Estes foram os temas centrais que dominaram a agenda da 75ª Business Aviation Convention & Ehxibition, promovida pela National Business Aviation Association (NBAA) em Orlando, Flórida (EUA), entre os dias 18 e 20 de outubro. 

O evento é considerado o maior do mundo e foi realizado no Orlando Executive Airport e no Orange County Convention Center, que receberam juntos mais de 21 mil visitantes e 800 expositores. Segundo autoridades de Orange County, a feira movimentou US$ 51 milhões na economia local. 

“O futuro da aviação será baseado na sustentabilidade, inovação, segurança e no desenvolvimento de talentos para a indústria”, afirmou Ed Bolen, CEO e Presidente da NBAA. 

EVTOL 
No pavilhão Emerging Technology Zone, startups e desenvolvedores apresentaram os seus projetos de veículos elétricos de decolagem e pouso verticais – EVTOL. Um deles foi o Supernal, da Hyundai. 

Com cabine para cinco ocupantes (quatro passageiros e um piloto) e propulsor da Rolls-Royce, o carro-voador da fabricante sul-coreana deverá entrar em operação em 2028.

O tema da mobilidade aérea urbana também integrou um dos painéis no centro de convenções. Para o piloto e professor de Direito Aeronáutico, Jason Lorenzon, da Universidade de Ohio, a aviação executiva deve ser a primeira a adotar estes táxis aéreos em suas frotas. 

“Os EVTOLs serão muito usados para transportar passageiros destas empresas até os aeroportos, seja na primeira ou última milha”, declarou o palestrante. 

Sustentabilidade 

Outra pauta bastante debatida em Orlando, a sustentabilidade na aviação executiva é tida como essencial para o futuro do setor. A meta sugerida pela NBAA aos fabricantes, fornecedores de combustíveis e operadores aéreos é a eliminação completa das emissões de carbono até 2050. 

Neste sentido, a brasileira Embraer levou para o evento três dos seus jatos médios mais vendidos em todo o mundo – Phenom 300E, Praetor 500 e Praetor 600. Detalhe: todos voaram com combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês).

Outras empresas apresentaram soluções para a cabine das aeronaves. A Textron, por exemplo, trouxe o novo modelo Cessna XLS Gen2 com o interior todo revestido de algodão e compostos reciclados.

Lançamentos 

A mesma Embraer aproveitou a feira em Orlando para apresentar aos jornalistas presentes um conceito ultramoderno de um jato autônomo. Da categoria midsize e com três ambientes, o projeto sugere propulsão na cauda em V, sem motores nas asas como é tradicional. O mais importante: dotada de inteligência artificial, a aeronave futurista voaria sem piloto, sendo 100% autônoma.

Top Gun 
Uma das atrações do evento na Flórida foi a presença da atriz Monica Barbaro, uma das atrizes do filme “Top Gun: Maverick”. Ao lado do pilotos Frank Weisser, da empresa Blue Angels, e Kevin La Rosa II, consultor técnico do filme, eles contaram como foram feitas as cenas de combate aéreo do longa metragem, estrelado pelo astro do cinema, Tom Cruise. 

Para saber mais detalhes da NBAA-BACE 2022, acesse: nbaa.com